28.9.10

COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA

em um delicioso dia ensolarado, inspirados pelo ar puríssimo de piracaia, com a presença de lindas famílias e muitas crianças, realizamos nosso encontro re-criando com a introdução dos princípios da comunicação não-violenta (cnv).

cnv é um processo, criado pelo americano marshall rosenberg, que nos apresenta a possibilidade de ouvirmos aos outros e a nós mesmos, de modo real, e não com a forma cultural, fantasiosa e mental, como estamos acostumados a fazer.

geralmente escutamos o que o outro está dizendo de forma racional, ou de modo imaginário; assim como também nos expressamos através da imaginação, da explicação, do raciocionio.

o processo do cnv nos ensina a escutar o sentimento, o que nós estamos sentindo e qual a necessidade que não está sendo atendida, assim como também escutamos o que o outro está sentindo e qual necessidade dele não está sendo atendida.

em nosso encontro, para praticarmos esse processo usamos dois bonecos, um chacal que representa a escuta racional, que julga, compara, condena e sentencia tanto o outro como a si mesmo; e uma girafa que representa o escutar com o coração, o escutar os sentimentos e as necessidades, tanto as nossas como as dos outros.

aqui vou citar uma possibilidade que não chegamos a usar no encontro, mas como não nos relacionamos somente com a linguagem falada, podemos usar também nas relações com as situações.

por exemplo, um bebê não para de chorar, sua mãe já fez de "tudo", a fralda está limpa, ele alimentado, não tem sinal de dor fisíca...
a mãe fica afetada pelo choro do filho, começa a ficar nervosa porque não encontra o motivo para tanto choro.

começa a pensar que o filho está fazendo manha, que está sendo um bebê difícil; e logo em seguida ela se auto condena pensando que não é uma boa mãe, que não é habilidosa.
quando olha para o filho pensa na situação de forma agressiva (por mais que se controla para não perder a cabeça) e quando olha para si mesma, se deprime, por sentir-se impotente.

esta seria uma reação do "chacal", uma forma aprendida, cultural, treinada.

o processo do cnv nos apresenta uma outra perspectiva para a mesma situação, a reação da "girafa"; um modo orgânico, ativo, com empatia para enfrentar as provocações.

ao vivenciar a situação, a mãe observa quais são seus sentimentos: ela se sente impotente, desamparada, assustada, cansada.
ela então observa quais são suas necessidades que não estão sendo atendidas: ela precisa descansar, conquistar segurança na relação mãe/filho...

então ela olha para seu bebê e tenta adivinhar o que ele está sentindo, qual é seu sentimento.
provavelmente ele está se sentindo desamparado, com dificuldade de adaptação, confuso, assustado.
ela então tenta adivinhar qual necessidade dele que não está sendo atendida; talvez lhe falte segurança nesse inicio de vida fora do útero, desenvolver a relação filho/mãe...

quando a mãe entra em contato com a situação através do olhar da "girafa" ela cria empatia com seu bebê, e sua ação será muito mais clara em relação a atender as necessidades dela e de seu bebê, assim como ela entrará em contato com as próprias necessidades e não colocará a culpa no bebê por seus sentimentos nem vai esperar que ele se responsabilize por suas necessidades não atendidas.

é um exercício incrivel, que nos tira da impotência diante das provocações das relações cotidianas.
que nos tira da dependencia dos outros serem responsaveis por nossos problemas, nos dando autonomia para continuarmos nos auto-criando.

18.9.10

Re-Criando, ta chegando!

dia 25 de setembro vamos iniciar nosso ciclo Re-Criando.
esse primeiro encontro será em Piracaia (90 km de São Paulo).

no Re-Criando teremos curtas palestras e/ou vivencias sobre praticas que nos inspiram a criarmos novos modos de vida.

quando algum tema despertar maior interesse em desenvolve-lo, vamos poder criar oficinas mais completas, em um outro momento, para nos aprofundarmos no assunto.

a idéia do Re-Criando é criar um ambiente inspirador para desenvolvermos modos de vida condizentes com nossos desejos, assim como um lugar para encontrarmos outras pessoas que estejam afinadas em suas buscas, mesmo mantendo suas diferenças.

as crianças, de todas as idades, são muito bem-vindas!

evento gratuito!

para inscrição, orientação para chegar e outras informações, mande um e-mail para anathomaz@terra.com.br

14.9.10

NADA PESSOAL!

estava ouvindo ontem uma reportagem pelo radio sobre o crescimento dos serviços prestados pelos "personals"

alem do ja bem conhecido personal trainning
a lista se prolongava
personal estilist
personal organizer
personal shopping

e mais alguns termos que não me lembro mas que traduzindo era: alguem para decidir o que voce vai comer; o que voce vai falar; o que voce vai pensar!!!

a reportagem ressaltava o custo financeiro para delegar aos outros seus cuidados pessoais.

mas o que me chamou a atenção foi a vontade das pessoas delegarem aos profissionais a responsabilidade sobre decisões tão pessoais.

daí eu entendi o porque para a maioria parece um grande absurdo assumir a responsabilidade pela educação dos filhos, não só a caseira, como a escolar.
e mais absurdo ainda deve parecer a ideia de entregar a criança a condição de se auto-educar, sem direcionamento ("só" com todo apoio necessário).

difícil pensar que uma criança que possa ter seu tempo e espaço para expressar seus desejos, explorar suas curiosidades, experimentar seus sentidos; vá algum dia abrir mão de fazer suas escolhas de modo pessoal e autentico.

então será que essas profissões surgiram e estão se tornando populares, para não dizer necessárias, porque as pessoas são escolarizadas, onde foram obrigadas a se formatarem, perdendo-se de sua singularidade, e por isso precisam ganhar dinheiro suficiente para contratar seus personals para darem a elas direcionamento na vida?

8.9.10

Re-Criando!

creio que existam muitos meios de nos instrumentalizarmos para a construção de novos modos de vida.
tem sido muito rico e promissor os encontros presenciais que sempre fazemos para praticar, aprender, questionar...

lanço uma proposta para realizarmos encontros mensais com temas e praticas que nos inspirem a sair do senso comum e do bom senso; que nos permitam criarmos novos modos de vida coerentes com nossos sentidos e sensações; que cada vez menos possamos dizer: a realidade é outra!

não! a realidade é criada por nós!!!

estão todos convidados a participarem do 1º Re-Criando - encontros para criarmos novos modos de vida.

nosso primeiro Re-Criando será em piracaia - sp
com palestras e praticas com os temas:

Comunicação Não Violenta (CNV) criado pelo americano Marshall Rosenberg, será apresentada por Merran Poplar (australiana, residente na argentina)

e

Desescolarização apresentado por mim, onde vou compartilhar a experiencia de ter me desescolarizado assim como meus filhos.

acontecerá no dia 25 de setembro - sabado - a partir das 11 horas até o por do sol.

evento gratuito

para inscrições e maiores informações: anathomaz@terra.com.br

3.9.10

VIDA FORA DA ESCOLA!

não tenho os filhos frequentando escola!
e mesmo morando no Brasil, não estou infringindo a lei, pois meus filhos tem 17, 4 e 2 anos de idade, todos fora da idade obrigatória.

por isso aproveito para tornar publico parte do maravilhoso processo de desescolarização que estamos vivendo.

meu filho mais velho iniciou sua vida escolar em uma escola waldorf em londres, onde estudou por três anos.
de volta ao brasil continuou no mesmo sistema de ensino, nunca com grande entusiasmo, porem aos 13 anos começou a lamentar diariamente o fato de ter que ir a escola.
eu já tinha um olhar muito critico em relação a escola, mas até então em relação particular a desconexão corpo/mente que acontece nas escolas.
ouvi as reclamações do meu filho e comecei a ver o quanto a escola tinha roubado dele a curiosidade, a força corporal, o desejo por aprender.
ele não gostava de fazer lição de casa, não gostava de ler livros, estudar para provas, decorar formulas, e tinha uma profunda irritação em relação ao modo como as amizades se formavam entre os colegas de classe e o tratamento entre professores e alunos (isso merece todo um capitulo, entre bullings e abuso de autoridade).

propus a ele terminar o ensino fundamental, já que era obrigatório e ao mesmo tempo me daria tempo para me preparar para desescolariza-lo do ensino médio.
ele aceitou prontamente e eu comecei a me preparar.
como faria isso? o que meu filho aprenderia fora da escola? estaria pronta para ouvir as criticas?
essas eram algumas perguntas que eu mesmo me fazia durante esse ano que me propus a me desescolarizar.

nosso projeto começou em janeiro de 2009, nos reunimos e apresentei meu projeto para ele.
propus que no primeiro ano eu ficaria responsável por sua carga horaria assim como a escolha das atividades que ele faria; no segundo ano dividiríamos 50% para cada um decidir sua formação; e no terceiro ano ele poderia assumir toda a responsabilidade de seu processo desescolar.

ele precisaria primeiro de uma desintoxicação após tantos anos de escolarização para poder tomar decisões no mundo real.
em relação ao tempo livre, ele poderia fazer o que tivesse vontade, com restrições ao horário para assistir televisão.
para resumir esse primeiro ano, em 5 meses ele já tinha me convencido a assumir totalmente seu processo desescolar.

ele desenvolveu um verdadeiro interesse pela magica e precisava de muito tempo para suas investigações, praticas e criações.
no inicio de 2010 ele já estava na inglaterra, onde ficou por mês, para participar de um congresso mundial de mágicos; em julho e agosto em buenos aires para aperfeiçoamento com um consagrado magico mundial com quem teve aulas diárias e voltou radiante e já avisando que terá que ir a guatemala em fevereiro.

Em menos de dois anos fora da escola, vejo meu filho ler livros (em inglês), ficar fluente em outras duas línguas, procurar pessoas para auxilia-lo, apresentar-se em publico com muita fluência, estudar madrugada a fora, acordar cedo todas as vezes que lhe interessava, responsabilizar-se por si, acordar e dormir feliz, sem nunca mais reclamar que está fazendo algo que não gostaria de fazer.

ter um adolescente assim em casa facilita muito, pois não fica buscando recompensas ou descompensas da vida escolar chata e cheia de pressão que vivem hoje em dia os adolescentes.

hoje nem nos lembramos mais da obrigatoriedade de frequentar a escola.
estar em casa, dedicando-se aos seus interesses genuínos e no caso dele, encantador, nos provou ser a coisa certa.

quanto as pequenas, que também estão em casa no alto de seus 4 e 2 anos de idade, também não questionamos nenhuma vez a possibilidade de frequentarem a escola, e já encontramos uma solução para continuarem desescolarizadas sem infringir a lei.

mas isso fica para um post futuro.

1.9.10

RAZÃO X EMOÇÃO

informação boa é aquela que nos amplia a visão e nos apresenta outras possibilidades de ação.

foi isso que aconteceu quando eu li que as crianças antes dos dois anos de idade não tem as conexões entre os hemisférios esquerdo e o direito do cérebro totalmente ativados.
eles entram em processo de conexão a partir dos dois anos e completam essas "pontes" até os sete anos de idade.

isso me fez pensar que quando uma criança pequena está com atividade no hemisfério direito ela não tem acesso simultâneo ao hemisfério esquerdo.
se ela está tendo um ataque emocional, o famoso xilique (ação do lado direito), ela não consegue acessar o controle racional (ação do lado esquerdo).
durante a explosão emocional ela não consegue compreender as razões para acalmar-se.
ela não tem as ferramentas prontas para que a razão dimensione a emoção.
se isso for exigido de uma criança antes dos dois anos, será como exigi-la que ande aos 6 meses, ela poderá até fazê-lo, mas com que custo?

nos resta acolher, aceitar e apreciar a natureza.

a criança está emocionalmente alterada? permita! de um ambiente seguro para ela, pense que ela não tem condições de escolha, aprimore suas condições de expressar suas emoções, deixando-a sentir que ela está sendo escutada, mesmo que não seja possível atende-la, pois sabemos que não precisamos dar aquilo que a criança pede para que ela se desenvolva saudavelmente, mas o modo que conduzimos a situação é que faz a diferença, não estamos exigindo que ela compreenda as razões, pelo menos naquele momento.

depois que a criança se acalma seu hemisfério esquerdo volta a ser acessível, e neste momento podemos, de modo simples e claro, conversar sobre o acontecimento, de preferência criando uma situação concreta para exemplificar.
sem ameaças, lição de moral ou acusações.

a partir dos dois anos ela já começa a criar esses acessos, lentamente, pois ele só vai finalizar por volta dos sete anos.
nesse momento já podemos ajuda-la a acessar a razão durante um ataque emocional, criando essa "ponte" com qualidade.

acredito que o que chamamos de pessoa equilibrada da-se inicio quando uma criança tem a possibilidade de desenvolver bem as qualidades dos dois hemisférios separadamente, e depois a conexão entre eles,

mas para isso é preciso permiti-la ter seu tempo e espaço em um ambiente seguro, acolhedor, amoroso e cheio de vida.

talvez isso explique adultos mal resolvidos no equilíbrio razão X emoção.