27.12.11

FRASE FEITA!

nesses tempos intelectuais, é muito comum escutarmos as pessoas tentarem resolver os problemas através de palavras ao invés de ações, criando as populares “frases feitas”, que são repetidas automaticamente, como se magicamente algo fosse mudar.

Uma delas é: “liberdade com responsabilidade”

ora, se a liberdade está sendo limitada pela responsabilidade, já não é liberdade!

liberdade não pode ser condicionada.

na pratica, nada muda, o que está sendo dito é que liberdade não existe, mas não queremos parecer autoritários, então surge essa frase incoerente e enganosa.

e como seria transmutar o problema da liberdade pela ação?

podemos inverter a frase e pensar: “porque somos responsáveis, somos livres”

também é uma frase, mas ao ser dita, nos libera para a transmutação, pois é uma frase que só se sustenta pela ação.

somos responsáveis por nossa existência, somos produtores de nós mesmos e produtores de realidade, sendo assim, somos livres porque somos responsáveis por nossa existência e nosso modo de vida.

quando ajo desse modo, ou quando digo isso a meus filhos, eu já estou aceitando que eles sejam livres, criadores e imprevisíveis.

por falar em autoritário, aqui vai outra frase intelectualizada, banalizada e vazia:

“o bom pai e o bom educador não são autoritários, mas tem autoridade diante das crianças”

escutei essa frase algumas vezes, e quando resolvi pensar a respeito dela, entendi que o sentido de autoridade nessa sentença é o mesmo que autoritário!

perguntei-me então, qual seria o verdadeiro sentido de autoridade?

creio que a pessoa com autoridade, domine amplamente algum campo de conhecimento, tornando-se uma autoridade no assunto.

assim sendo, autoridade não está ligado a um cargo ou posição, mas sim a sua capacidade.

não basta ter um filho, um diploma de professor, ou simplesmente ser adulto, para tornar-se uma autoridade para a criança, porque quem ocupa um lugar sem preparar-se a ponto de ser uma autoridade no assunto, só poderá ser um autoritário.

uma vez conquistada a condição de autoridade, este deverá inspirar a todos, com seus conhecimentos, pensamentos e principalmente, com suas ações.

nessa linha de pensamento, ser uma autoridade para as crianças, é inspira-las, é criar para elas ambientes propícios onde elas possam desenvolver seus potenciais e manter sempre ativa sua curiosidade.

e como nos tornamos uma autoridade para crianças?

conhecendo-as, não de forma genérica e com regras prontas, mas através do contato verdadeiro com cada uma delas.

através de muita observação e paciência.

porem, para conseguir observar uma criança verdadeiramente, é necessário estar livre de julgamentos, de preconceitos e de frases feitas; é necessário estar aberto, com o coração tranquilo e com o senso de humor apurado!

para ser uma autoridade em crianças, é preciso conhecer o humano, aceitarmos que somos responsáveis por nosso modo de vida; que temos em nós, a fonte criadora de nós mesmos, uma musa interior adormecida, como diz meu amigo jon-roar bjørkvold.
é necessário despertar, talvez com um beijo, nossa musa inspiradora.

para estar com as crianças, é necessário sermos livres e uma autoridade no assunto humanidade!

21.11.11

FORA DO EIXO

no post anterior eu fiz um convite para nosso re-criando de novembro, que já aconteceu, onde o assunto foi "criando novas realidades".

pois ontem fui conhecer uma pratica inspiradora de uma nova realidade.

fora do eixo é o nome desse projeto que existe há 6 anos em diversas cidades do brasil.

uma das casas do fora de eixo fica em são paulo, minha vizinha aqui na aclimação, onde passei um par de horas me encantando com o modo de vida que eles estão criando e praticando.

16 pessoas, entre 20 e 31 anos, alem de muitos visitantes, vivem nessa casa auto sustentável, criando projetos, fomentando criações e praticando o viver com liberdade e intensidade.

diferente do que eu já conheci em termos de coletivos e vida comunitária, não existe uma liderança, um guru, nem um formato pré estabelecido que os determinem.

eles são empíricos, toda teoria surge da pratica e de suas vivências.

com um discurso totalmente sustentado pelo modo de vida que exala pela casa, eles são testemunhas que é possível radicalizar (no sentido literal da palavra, criar raízes)na criação de um modo de vida fora do eixo e absolutamente inspirador.

não é só um sonho utópico viver de modo comunitário, é só ir até a casa e sentir no próprio corpo todas as possibilidades.

e assim poderia ser o modo de vida com famílias e seus filhos, uma aldeia totalmente compatível com nossas vidas pós modernas.

para mergulhar nessa realidade, no mês de dezembro irá acontecer o IV congresso fora do eixo, que este ano será sediado em são paulo, onde vamos participar com uma roda do re-criando - desescolarização.

tem muita coisa boa acontecendo nesse mundo!!!

1.11.11

RE-CRIANDO EM SÃO PAULO

seguindo nosso projeto de desescolarização faremos nosso próximo encontro no dia 4 de novembro, com um novo horário, as 17hs.

cada encontro tem um tema especifico para seguir desenvolvendo nossos processos de desescolarização dos adultos.

o tema que irá permear será: "criando novas realidades"

com o respaldo da biologia, da física e da filosofia, é possível afirmar que não existe um mundo pre-dado em qual temos que nos adaptar, somos criadores de realidade, somos responsáveis e por isso podemos ser livres.

o encontro é para pais e educadores, as crianças são bem vindas, porem não temos uma programação direcionada para elas, mas temos espaço e outras crianças de varias idades.

o encontro é gratuito.

para confirmar presença e receber o endereço do encontro, por favor, mande um e-mail para anavidaativa@gmail.com

até la

17.10.11

DESECOLARIZAÇÃO + UNSCHOOLING!

já usei a palavra desescolarização como tradução de unschooling, mas para mim, tem ficado muito claro que são duas coisas bem diferentes, porem totalmente aliadas.

unscholling é a denominação da pratica, que algumas famílias, mundo afora, optaram por não mandarem seus filhos a escola e nem transferirem a escola para dentro de casa (homescholling).

desescolarização, para mim, é a pratica de "tirar" a escola de dentro de nós, o pensamento formatado que a escola nos ensinou.

escola que vai além de seus muros, que existe em casa, na sociedade, no trabalho...

nossos encontros de desescolarização são para que os adultos pratiquem a mudança do paradigma do pensamento intermediado pela escolarização, para o paradigma do pensamento desescolarizado, que está diretamente conectado com a fonte de criação da vida, com nossas pulsões.

apesar de serem praticas distintas, unscholling e desescolarização, se sustentam mutuamente, por isso pratico as duas.

pratico a desescolarização em mim, com meu marido e com meu filho de 18 anos que até os 14 frequentou a escola, fomos escolarizados e por isso estamos nos desescolarizando.

pratico o unschooling com minhas filhas, que nunca frequentaram escolas, por isso não precisam desescolarizar.

é possível um adulto optar por se desescolarizar e manter os filhos na escola, assim como é possível ter os filhos fora da escola e seguir o paradigma da escolarização.

porem, não há duvida que os dois caminham muito bem juntos.

uma das inseguranças que os pais escolarizados sentem é em relação ao tempo e a responsabilidade de educar os filhos.

quando uma família pensa em praticar o unschooling sob o paradigma da escolarização a solução virá formatada, baseada em custo-beneficio, com sacrifícios de tempo e das finanças da família em prol do desenvolvimento que acreditam para seus filhos.

sob o paradigma da desescolarização, os pais percebem que precisam ter uma vida cotidiana mais interessante para que seus filhos os acompanhem em ambientes vivos e inspiradores, a transformação é de toda família e todos ganham com a mudança.

porque uma criança não precisa de pais que os eduquem e sim de pais que vivam com eles.

e esses pais precisam se preparar para viverem ao lado de seus filhos.

13.10.11

REPORTAGEM SOBRE TAKETINA

revista planeta - outubro 2011
reportagem sobre taketina, quando tivemos o workshop no ano passado.

esse ano o workshop acontecerá nos dias 26 e 27 de novembro e com a nova data 3 e 4 de dezembro

mais informações nesse post








30.9.11

A ELEGÂNCIA DE UM PARTO

eu tive a imensa alegria de ter parido duas filhas em nossa casa.

mês passado tive outra imensa alegria de acompanhar o parto domiciliar de uma amiga.

acabei de ler o lúcido artigo escrito pela dra. melania maria ramos de amorim, parto domiciliar, que reflete sobre os paradigmas do parto domiciliar.

o texto inicia-se com a citação "A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro”
(Ricardo Herbert Jones)


na sequência vemos uma emocionante foto de um parto domiciliar ilustrando um texto cheio de referencias cientificas, inteligencia ativa e muita sensibilidade.

o que eu teria a acrescentar? talvez meus pensamentos sobre a confiança na natureza.
pois estou em estado de graça pelo parto que acompanhei e por meus partos ainda tão presentes em mim.

somos seres biológicos e culturais e nossos partos fazem parte de um processo fisiológico.
e como tudo o que é fisiológico em nós, funciona melhor, se não houver interferências de controle externo.

para parir é necessário abrir mão do controle.

deixar acontecer! entregar-se aos processos que nos atravessam durante um trabalho de parto.

existe um enorme cognitivo inconsciente em ação.

no trabalho de parto, estamos lúcidas, acordadas, sentido ondas de contrações, nos dando conta de pensamentos, desejos, medos, incómodos, confortos, tudo em uma intensidade que permeia vida e morte, limite e transmutação.

nesse processo não cabe o controle racional e consciente que representa somente 5% de todo nosso processo cognitivo, porem, altamente valorizados pela cultura que estamos vivendo.

durante nosso desenvolvimento cognitivo, somos estimulados a acreditar que todo valor estão nesses 5% que a consciência alcança, mas grande parte do aprendizado passa por esses 95% de cognitivo inconsciente que são desqualificados em nossa sociedade.

assim nos tornamos seres controladores e inseguros em relação aos nossos processo fisiológicos.

distantes dessa confiança na vida, ao engravidar, a mulher (e seus familiares) imediatamente pensam em controle, controlar a gravidez, a gravida e o parto.

controle abusivo com exames excessivos durante a gravidez, intervenções e o acontecimento mais intenso de uma vida na mão de médicos e hospitais.

por isso a gravida e seus familiares se entregam na mão dos controladores da vida.

a mudança de paradigma está feita, pois se algo acontecer de errado em um parto absolutamente controlado, com direito a cesária eletiva, será considerado uma fatalidade;

se algo errado acontecer em um parto domiciliar, será considerado irresponsabilidade.

vivemos nessa ilusão do controle!

não é que não há controle, a natureza não vive no caos, porem o "controle" na natureza é indireto e a ela pertence.

tem uma historinha fictícia que humberto maturana escreveu em seu livro "a árvore do conhecimento" que é uma boa analogia.

é mais ou menos assim:

um rapaz nasceu dentro de um submarino e nunca saiu de la, ele aprendeu a comandar o submarino através da leitura de seus instrumentos e assim tornou-se um capitão muito preciso em suas manobras, sem nunca conhecer o mar e o mundo fora de seu submarino.

um dia, ao chegar perto de uma praia, foi observado por um marinheiro que trabalhava na torre da praia, esse se encantou de ver a elegância do movimento do submarino e como ele conseguia se desviar precisamente dos rochedos.

chamou o capitão pelo radio e disse: bem vindo a nossa praia e parabéns pela destreza com que navega seu submarino, com muita elegância e precisão ao desviar dos rochedos.

o capitão responde: que praia? que submarino? que rochedo? do que você está falando?



precisamos despertar o capitão dentro de nós para que nossos corpos naveguem pela vida com a elegância e a precisão que merece.

20.9.11

TAKETINA - 2011


o que é TaKeTiNa?

TaKeTiNa é ritmo, voz e movimento


TaKeTiNa foi desenvolvida por reinhard flatischler e há quase 40 anos e tem sido criada e desenvolvida na direção da evolução humana.
essa direção nos guia de modo envolvente para o despertar do “aqui e agora”, um estado fundamental para todos os processos criativos.

durante o processo de TaKeTiNa os participantes aprendem a criar ritmos diferentes em vários níveis, ao mesmo tempo, conhecido como polirritmia.
naturalmente expandimos nossa percepção, não só musical, mas algo em nossa vida cotidiana.
o racional e o emocional, o som e o silencio, a ação e a pausa, a melodia e as camadas de ritmos, são experimentados simultaneamente.
este despertar cria independência entre movimentos direita-esquerda/mãos-pés, abrindo gradualmente para uma percepção musical inteiramente nova.

vivenciando diversos ritmos simultaneamente, nos é possível entrar em contato com os processos inconscientes do cognitivo, possibilitando apenas frações de pensamento linear.

sair total ou parcialmente do ritmo, inicia um processo de busca de apoio do grupo.
a confrontação com a necessidade de controle e o apego, leva a momentos de confusão mas também de afirmação.

a alegria é grande assim que o ritmo se restabelece por si próprio.
experiências de paz interior e desprendimento de velhos moldes de comportamento, alterações de conceito temporal e reorientação pessoal, são algumas das experiências relatadas por participantes.


TaKeTiNa é um processo original e único que nos permite acessar o conhecimento do ritmo nato que todos nós possuímos, criando música de uma forma natural e orgânica.


TaKeTiNa é uma experiência de aprendizado singular!

é meditação em movimento, a celebração da vida e da música!

*explora o ritmo usando a voz e o corpo
*trabalha com ritmos corporais, passos, palmas, risos, entrando e saindo do ritmo, se encontrando e se perdendo...
*relaxa, rejuvenesce e revitaliza o sistema nervoso
*gera a experiência de fazer menos e conseguir mais
*o corpo é usado como instrumento para explorar e tocar de maneira polirritmia através de passos, palmas e o canto.

TaKeTiNa tem sido usado por pessoas que estão em busca de modos para exercitarem o aumento e o desenvolvimento de suas potencias.

também muito praticada por:

*músicos profissionais de todas as áreas
*companhias de teatro e dança
*tratamento psicoterapeutico
*praticantes de meditação
*programas sociais


vamos ter dois workshops de TaKeTiNa em são paulo esse ano.
os workshops são formados por grupos com até 30 participantes.
não há restrições de limite de idade e nem condições físicas para participar das sessões de TaKeTiNa.


esse é o quarto ano consecutivo que trazemos henning ao brasil, e no ano passado o trouxemos em parceria com ibmf (international body music festival)

henning von vangerow - http://www.h-v-vangerow.de/ - é alemão, foi formado por reinhard flatischler em sua primeira turma de formação, sendo considerado um advanced taketina teacher por sua experiência e competência em liderar grupos de TaKeTiNa.
psicólogo e psicoterapeuta, foi ator por muitos anos, lidera grupos de TaKeTiNa há mais de 20 anos na alemanha, frança, inglaterra, bélgica, holanda, suíça e brasil.


o workshop em são paulo acontecerá nos dias 26 e 27 de novembro das 14hs as 18hs.

valor do workshop: 280 reais

local: espaço caçamba de arte
rua muniz de sousa, 517 - aclimação
tel. 3399 4257


inscrições e maiores informações anathomaz@terra.com.br

obs. serão somente 30 vagas

16.9.11

RE-CRIANDO EM SÃO PAULO

depois das andanças brasil afora, vamos retornar nosso encontro em são paulo para compartilharmos impressões de tantos movimentos que estão acontecendo em relação a mudança de paradigma educacional.

não estamos militando um movimento contra nada e nem ninguem.

nem tampouco militando um outro modo definido de educação.

a batalha é em nós, com os nossos medos, receios, desconfianças, apegos; com a realidade que estamos criando e nossa cumplicidade nesse modo de vida do qual tanto reclamamos.

e essa batalha ganha mais força quando temos por perto uma criança, cheia de desejos, e que vive a vida com toda sua intensidade.

o encontro será no dia 26 de setembro, segunda-feira, as 19h30.

a participação é gratuita.

aberto para pais e educadores.

para mais informações escreva para anathomaz@terra.com.br

28.8.11

SALVADOR!

a convite da querida karla moraes faremos um encontro sobre educação ativa na aldeia materna em salvador.

foi produzido um lindo cartaz, mas não consegui reproduzi-lo aqui (minha falta de habilidade tecnologica ja é notoria)

mas o que realmente importa é que tem gente, mundo afora, querendo pensar, criar, experimentar, novos modos de educação.

a desescolarização não é um movimento de tirar os filhos da escola, mas sim de tirar a escola de dentro de nós!

e só assim podemos criar novos modos nas relações - criança/adulto, aprender/ensinar, criar/co-criar.

na parte da manhã teremos um encontro com tamara hiller (parceira em floripa nos caminhos da desescolarização), com a exibição do documentario hanami - o florescer da vida, muita conversa sobre maternidade ativa!

na parte da tarde vamos focar no processo de desescolarização.

segue informações sem a linda arte do cartaz...


SÁBADO, 03 DE SETEMBRO
Das 8h às 12h
Exibição do documentário
HANAMI
O FLORESCER DA VIDA
E palestra com
TAMARA HILLER
Enfermeira obstetra alemã, uma das responsáveis
pelo documentário HANAMI.
Falando sobre a maternidade consciente, o
parto ativo, o movimento no Brasil e no
Mundo e E.C. – elimination communication —
Ana Thomaz e Tamara Hiller:
Parto Ativo, Maternidade Consciente e Educação Livre

E das 14h às 18h, Palestra e Vivência com
ANA THOMAZ (SP)
Desescolarização, Técnica Alexander, Educação para a Potência, Maternidade Ativa,
Biologia Molecular, Física Quântica, Filosofia, Spinoza...
Redescobrindo as pulsões e a potência de cada Ser.
http://anathomaz.blogspot.com

Local: Espaço OPPI, R. Gaspar da Silva Cunha, QD 43, L 05,
Jardim Armação, Salvador, Bahia. Mapa no Site.
Inscrições e Informações:
www.aldeiamaterna.com.br
aldeiamaterna@gmail.com
3018 7225 / 9277 6330 / 8832 8805

Valor: R$ 30,00
*Almoço natural vegetariano opcional: R$ 15,00
Vagas limitadas!!!
Realização
Aldeia Materna

23.8.11

POEMA

tivera eu tecidos bordados do céu

envoltos com ouro

e luz prateada

o azul e o turvo

e os tecidos escuros

da noite e da luz e da meia-luz

eu espalharia os tecidos sob seus pés

mas eu, sendo pobre,

tenho apenas os meus sonhos

eu espalharei meus sonhos sob seus pés,

caminhe delicadamente,

porque voce caminha sobre os meus sonhos.

w.b.yeats



"todo dia, em qualquer lugar

nossas crianças espalham seus sonhos sob nossos pés,

devemos caminhar delicadamente"

http://www.ted.com/talks/lang/eng/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html


assistam, inspirador!!!

19.8.11

EDUCADORA INSPIRADORA!


é hoje! se puder vá!

essa mulher é uma educadora incrivel!!!

21.7.11

RE-CRIANDO EM CAMPINAS E EXTREMA

na próxima semana faremos dois encontros sobre os pensamentos e praticas da desescolarização, da vida ativa, da produção de realidade

são movimentos que acreditam que para criar um outro modo de vida, desejo explicito em muito de nós, é necessário transmutar nosso modo de vida atual.

a transmutação acontece com mudanças de paradigmas.

nos damos conta que a realidade que vivemos é co-criada por nós, que assumir responsabilidade sobre nosso pensar, sentir e agir nos faz sentir mais vivos, mais alegres, mais dispostos para brincar, mais abertos para amar.

não é através de doutrinas ou dogmas, nem mesmo do simples acesso ao conhecimento, mas através da confiança na potencia, ainda desconhecida, da natureza em nós que é capaz de criar seu modo de vida e seu lugar de viver.

no dia 29/07 - sexta-feira as 19hs o encontro será em campinas/sp.

nos dias 30 e 31 de julho - sábado e domingo, nosso encontro será em extrema/mg.

os encontros são gratuitos.

para participar mande um e-mail para anathomaz@terra.com.br

só um novo paradigma de nossas percepções, em nossa coexistência, pode levar-nos a uma transmutação que nos abra a uma vida mais potente. e ela só nos poderá acontecer agora se assim o quisermos.

12.7.11

PRIVILEGIO & (PRIVILEGIO)

vou usar uma mesma palavra com diferentes paradigmas.


privilegio - sem parênteses, e (privilegio) - entre parênteses.


é um privilegio ser escolarizado.
a escolarização considerada de alto nível é um privilegio para poucos, que são preparados para ocuparem um lugar pré-determinado que pretende garantir poder, dinheiro e prestigio.
um privilegio para o individuo.

a desescolarização é um processo educacional que cria abertura para que todos os envolvidos tenham a possibilidade de se desenvolverem a partir de suas pulsões e potencialidades, é um (privilegio) para a comunidade.

os privilegiados, exercem seus poderes coercivos e autoritários através de sua posição hierárquica, porem são impedidos de desenvolverem seus poderes de inovação e de criação por viverem sufocados pelo "trabalho". assim como os não privilegiados que também sufocados pelo trabalho não tem tempo e espaço para serem íntimos de suas potencialidades.

já os (privilegiados) tem a liberdade de serem tão humanos quanto quiserem porque podem escolher e criar suas atividades que vão fazer parte de seu próprio desenvolvimento e que terá um sentido para comunidade onde vive.

a escolarização universal pode convir aos privilegiados mas certamente não aos (privilegiados).

os privilegiados se graduam, pós graduam, doutorizam-se , qualificando-se para promoverem o aumento da produção economica.

a educação dos (privilegiados) os preparam para a surpresa.
temos pela frente a tarefa de nos surpreendermos com a educação que queremos criar.

cuidemos de aprender a receber novas surpresas.



inspirado em ivan illich

4.7.11

RE-CRIANDO EM PIRACAIA

nosso proximo re-criando será em piracaia com a participação queridissima de renato ignacio.

renato esteve em uma imersão com o trabalho inspirador de tião rocha (um educador desescolarizado), e irá fazer uma roda de conversa e apresentação de materiais e videos de sua experiencia transformadora.

piracaia é uma cidade que fica a 90 km de são paulo via fernão dias/d.pedro.

o encontro será em um sitio com bastante espaço para as crianças entrarem em contato direto com a natureza, pegar frutas do pé e brincarem o dia inteiro.

a chegada é a partir das 10hs, depois preparamos um almoço coletivo e por volta das 14hs nos reunimos para nosso bate-papo.

o encontro é gratuito.

para participar, mande um e-mail para ananthomaz@terra.com.br para receber o mapa e a programação completa.

sejam muito bem vindos

27.6.11

DESESCOLARIZANDO A ESCOLA

diferente do homeschooling e do unschooling, a desescolarização não tem como ação principal tirar os filhos da escola.

não ter os filhos na escola pode ser um movimento transitório até que seja criada a escola desescolarizada.

a escola desescolarizada só poderá existir com educadores e pais desescolarizados.

a desescolarização é uma mudança de paradigma, é quando paramos de pensar que "a vida é assim" e começamos a nos dar conta que "a vida é do modo que a criamos".

a mudança de paradigma pode se iniciar com as perguntas:

o que é educar? como ocorre a dinâmica aprender/ensinar?

o educar acontece através do convívio, nas relações, somos educados por nossos pais, por nossas comunidades, as relações interpessoais sempre nos ensinam algo, onde cada um confirma em seu viver o mundo que viveram em sua educação.

assim nossas tendências serão sempre conservadoras, que não mudam facilmente.

então seguimos com outra pergunta:

qual mundo queremos viver?

pois ensinamos como vivemos!

e como vivermos é como educaremos, e conservaremos esse modo de vida.

por isso não há possibilidade de transmutar a escolarização se o trabalho não for feito nos educadores e nos pais.

por mais que os educadores e pais estudem os pensadores da educação que nos encorajem a ter outro olhar sobre as crianças, isso não necessariamente trará a mudança de ação, pois na pratica agimos como nos estruturamos e não a partir de uma consciência, não basta saber e concordar com outro modo de ser, é necessário mudar nossa estrutura, nosso modo de sentir, pensar e agir a vida.

por isso, para que a trasmutação seja efetiva é necessário o trabalho em nós, adultos, educadores, nós temos que mudar nossos paradigmas e não achar que é possível viver de uma maneira e ensinar de outra.

um educador se auto educa, para ensinar de modo interpessoal um educando que também irá se auto educar.

não precisamos destruir a escola, mas transmutar a escolarização espartana em nós, para também transmutar nossas escolas que ainda seguem o modelo espartano e que conserva nosso modo de vida, mesmo naquilo que queremos mudar.
por isso as reformas não resultam como precisamos, porque só se melhora o que está bom, o que está ruim tem que transmutar.

21.6.11

REVERENCIA AOS MINEIROS!

agora entendi porque jose pacheco - idealizador da escola da ponte - portugal (referencia mundial de escola desescolarizada), escolheu viver em belo horizonte!

além da deliciosa mineirice e do jeito solicito autentico de ser, estive rodeada, em nosso encontro, por pessoas inspiradoras que transbordam desejo de ação e movimento.

são pais, pedagogos, educadores, artistas, jovens, avós, criadores de pensamento ativo.

nos desescolarizarmos é uma questão de nos darmos conta de nossas estruturas já construídas e saber que sem a transmutação dessas estruturas não somos capazes de ações criadoras e para isso precisamos fazer presente nossa abertura para a deriva, entrar em devir.

é uma desconstrução pacifica, silenciosa, ativa, desafiadora...

é uma abertura para a criação, para o lugar que ainda não está pronto, para a produção de realidade.

ta na mão desses mineiros queridos.

espero encontra-los de novo em breve!!!

15.6.11

RE-CRIANDO EM BELO HORIZONTE

nosso encontro sobre desescolarização estará em belo horizonte no próximo dia 20 de junho.

assim será porque leticia dawahri mandou uma mensagem dizendo que adoraria que algum dia pudéssemos fazer um encontro na capital mineira, não precisou dizer duas vezes, chamou para um encontro a gente se organiza e vai!!!

cada encontro é um mergulho em pensamentos, provocações, criações e cheio de vida, muita vida!

aos futuros amigos mineiros, muito grata pela acolhida.

o encontro é aberto a todos os interessados, é gratuito e não precisa de inscrição previa.

re-criando bh será dia 20, segunda, ás 18hs, na Escola Pés no Chão. Rua Angoritaba, 17 - Dom Cabral - Belo Horizonte.

mais informações podem escrever para anathomaz@terra.com.br

30.5.11

AUTONOMIA!

cada vez mais acredito que o caminho para a autonomia é através do auto-conhecimento.

nosso inicio de vida é autônomo, por nossa capacidade de auto-criação (autopoiese), desde o ventre da mãe, a partir do encontro de duas células, sua multiplicação se da de forma autopoietica (ação de criar-se a si mesmo continuamente).

desde sempre somos autônomos.
a autonomia implica a interdependencia, a troca, a relação; não é um ato isolado e independente do mundo que o rodeia.
assim seguimos nos auto-criando após o nascimento, com o desenvolvimento de nosso corpo, de nossas percepções, de nossas ações, sempre em relação, mas visivelmente sendo uma construção a partir de nossas forças internas; facilmente constatado pelo modo singular com que cada um se desenvolve, pois temos nosso ritmo próprio, nossas prioridades biológicas e anímicas, nosso sentir e agir no mundo de modo muito particular.

começamos a perder a autonomia quando nos fazem crer que para sabermos algo precisamos aprender através de forças externas, que para nos desenvolvermos precisamos nos enquadrar em um esquema padrão pré-determinado que nos moldará afim de nos tornar cidadãos dessa sociedade.

durante todo esse processo, que dura anos, deixamos de investir e acreditar na nossa capacidade autônoma e singular de nos criarmos a nós mesmos, deixando adormecida nossas pulsões e nossos desejos.

apesar de nossos desejos e pulsões adormecidos, algo ainda permanece vivo em nós, que nos faz sentir incomodados por termos nos afastados de nós mesmos, pela perda de autonomia, pela sensação de impotência e de falta, que esse processo da não-autonomia produz em nós.

por isso a reconquista da condição da autonomia inicia-se com o auto-conhecimento, que se desdobra em muitos meios.

existe o auto-conhecimento biológico da existência humana que é comum a todos nós, e que pouco sabemos dele, pois não faz parte do currículo escolar, e quando entramos em contato com as condições biológicas surpreendentes dos seres humanos, muitos dos nossos conceitos se transformam e se transmutam (recomendo o autor humberto maturana e j.v.uexkull com os livro "dos animais e dos homens").

existe o auto-conhecimento do nosso modo singular de pensar, sentir e agir sobre o mundo, que não é uma forma pré-estabelecida, mas tendências e forças que quando as conhecemos podemos jogar com elas sempre a favor do desenvolvimento de nossa potencialidade.

trazer a superfície nossos pensamentos, nossa imaginação, nossos medos, nossas questões, sem necessariamente buscar por soluções, mas para abrir nosso processo de intimidade, de interdepedencia e de ação .

minhas experiências mais fortes de autoconhecimento, foram durante minhas duas ultimas gravidez e partos, processos que me convidaram a entrar em contato com minha sombra e minha luz; assim como tem sido o processo de desescolarização de meu filho e do unschooling de minhas filhas.

trazendo sempre para superfície as forças internas e externas que em atravessam, e assim podendo viver um intenso processo de conhecer, re-conhecer, desconhecer, criar e re-criar minha existência.

17.5.11

DIRETO AO ASSUNTO!

desescolarização é o processo de dar-se conta dos padrões que assimilamos através do processo escolar para então ter a opção de desconstrui-los.

só tem necessidade de descolarizar aquele que foi escolarizado e que sente-se limitado por isso.

nossas escolas seguem o sistema espartano, que iniciou-se como escola para formar soldados, depois a igreja apropriou-se do mesmo sistema para formar cristãos, a industria usou para formar seus trabalhadores, o capitalismo tem formado seus mercenários e a democracia seus soldados democratas.

não importa qual exatamente o fim, qual tipo de soldado é necessário, o sistema escolar espartano forma soldados para ocuparem um lugar pronto.

as vezes nos damos por satisfeitos quando a escola forma um tipo de soldado que acreditamos ser necessário, porem existem pessoas, principalmente crianças dos dias de hoje que não aceitam fazer parte do exercito, mesmo que seja um exercito simpático.

aprendi isso com meus filhos e outras crianças!

crianças que não vão a escola não precisam serem desescolarizadas, para elas existe o unschooling (tema para um próximo post).
crianças que já foram a escola e que param de ir, podem facilmente serem desescolarizadas.
adulto que se formou em escola espartana, com direito a faculdade espartana, pós, mestrado, doutorado, pós-doc, e que vive em sistema espartano, pode até sentir-se atraído pela possibilidade da desescolarização, mas vai precisar transmutar!!!

a dificuldade aparece logo de inicio, pois o escolarizado pensa como escolarizado, então fica imaginando que a desescolarização é a falta da escolarização.
mais ou menos como alguém que tem a visão se sente em relação ao cego, pois para quem enxerga pensa na cegueira como falta, mas ao cego não falta a visão, ja dizia nietzsche!

segue abaixo os domínios da escolarização e da desescolarização para entendermos que são paradigmas diferentes, por isso pensamos, sentimos e agimos de forma distinta dependendo em que domínio estamos vivendo:

domínios da escolarização:

*busca do resultado final em todos os seus processos
*necessidade da resposta certa, de garantias
*prefere unir-se para desabafar, reclamar e protestar ao invés de que encontrar processos que transmute o problema
*cumpre ordens e sente frustração; é irresponsável pelas escolhas que faz, e sente culpa
*confia em todas as provas cientificas
*acredita no que "ouve dizer..."
*sente impotência e medo diante do desconhecido
*desqualifica a natureza, inclusive a sua própria natureza
*cria fantasias e acredita em conflitos
*especula
*tem o habito da comparação e do julgamento
*luta pelo poder
*gosta das certezas invariáveis e os conceitos fixos
*vive em crise
...

domínios da desescolarização

*confia na natureza
*busca processos e meios pelos quais poderá viver seus problemas
*problematiza o que lhe interessa
*assume responsabilidade por suas escolhas
*é ativo em suas ações
*investe no corpo organizado e confia na deriva
*confia na intuição e na sua capacidade criadora
*é criador de realidade
*não tem conflitos
*luta pela potencia
*re-cria suas certezas
...

talvez não seja tão simpático colocar essas listas acima em um post, conversando sobre o assunto fica mais convincente e menos dramático, mas é que toda vez que ouço alguém sob o domínio da escolarização questionar a desescolarização, suas questões confirmam os itens acima referentes a escolarização, porém são problemas que não pertencem a desescolarização.

claro que a escola espartana é uma ferramenta do sistema que a sustenta, mas é um sistema bem eficaz que nos torna soldados do próprio sistema, mesmo que sejam soldados rebeldes, continuam alimentando esse modo de vida.
por isso me parece bem produtivo transmutar esse modo conflituoso de vida através da desescolarização.

esse processo que estamos vivendo, nos encontros desescolarizantes, são para os adultos criarem e praticarem seus próprios caminhos de transmutação.
por mais que o incomodo seja, em muitos casos, o processo escolar dos filhos, o trabalho precisa começar em nós, porque enquanto estamos pensando, vivendo e agindo sob o domínio da escolarização, não temos outra saída a não ser desabafar, reclamar e esperar passar essa fase escolar dos filhos.

nosso próximo encontro em são paulo será no dia 26 de maio, quinta-feira, as 20hs na aclimação.
para mais informações mande um e-mail para anathomaz@terra.com.br

30.4.11

RESPONSABILIDADE OU CULPA!

quando dizemos:

"a realidade já está criada!";
"o sistema é assim!";
"tem coisa que não tem jeito...";
"não da pra ser tudo do jeito que a gente quer!";
ou literalmente
"eu só estou cumprindo ordens!!!",

ficamos isentos das responsabilidades de nossas ações, em outras palavras, nos assumimos irresponsáveis;
e assim nasce a culpa!

na escola aprendemos a cumprir ordens, assim como no trabalho, na família, no convívio social; então nos damos conta que nossa cultura funciona com todo mundo cumprindo ordens.

somos um povo irresponsável!

somos pessoas sensíveis que sentem culpa!

sentimos culpa porque acreditamos não ter saída para o modo de vida que escolhemos, pois nos sentimos obrigados a viver de acordo com o que já está estabelecido, mesmo que em "algum lugar" não concordamos com ele.

a irresponsabilidade e a culpa são frutos de um sistema, de uma cultura.

é incrível ver como as crianças, ainda não escolarizadas (culturalizadas, sistematizadas), sempre assumem seus atos, sem culpa, por isso dizem que as crianças são naturalmente cruéis!

converso com muitos pais que dizem: "me sinto tão culpado de ver meu filho passando maus momentos na escola!"
embutido nessa frase está: "como não sou responsável por escolher se meu filho vai ou não na escola, me resta a culpa por manda-lo".

tem uma frase batida que diz algo assim - para ser livre tem que ser responsável!

quando uma cultura de irresponsáveis cria uma frase dessa, está querendo dizer o que?

o que podemos chamar de responsabilidade ou livre arbítrio em terra de irresponsáveis?

é bom quando a gente se da conta de algumas coisas, é assim que a gente toma fôlego e transmuta!

29.4.11

ESTUDO CIENTIFICO?

nossos corpos desorganizados nos fazem sentirmos inseguros diante do desconhecido, diante do incontrolável, por isso quando seguimos investindo na nossa desorganização buscamos seguranças, mesmo que falsas ou ilusórias, para sentirmos mais protegidos.

e assim apelamos!

a ciência é a arte do explicar.
os cientistas são pessoas que tem prazer em explicar.
eles não buscam a verdade, buscam uma conexão com o cotidiano.
aconteceu algo! ótimo, o cientista vai querer explicar o acontecimento.

mas com nossos corpos inseguros, queremos que a ciência comprove uma verdade a serviço de nossas necessidades.

assim outro dia fui procurada por uma famosa empresa de produtos de higiene infantil e a conversa foi mais ou menos assim:

_olá, sou enfermeira de tal empresa e gostaria da sua colaboração em relação ao banho de balde, pois vimos que não há nenhum estudo cientifico a respeito e queremos desenvolver um estudo cientifico, para incentivar o uso desse banho terapêutico tão benéfico para os bebês.

a conversa se desenrola até que chega o momento em que eu digo:

_o banho de balde é feito sem nenhum uso de produto de higiene, pois além do bebê não precisar usar nenhum produto químico para sua higiene, muito menos em um banho de balde terapêutico que oferece ao bebê um ambiente muito relaxante, onde ele poderá simplesmente ficar imerso com a presença de um adulto que não terá que desempenhar nenhuma função higienizadora.
então se vocês querem um estudo cientifico, o que ao meu entender seria explicar o que é o banho de balde, vocês vão ter que deixar de lado os produtos como sabonete e xampú.

o tom da conversa ficou um pouco tenso enquanto ela foi revelando:

_nós queremos fazer um estudo cientifico do banho de balde e incluir nosso estudo cientifico já realizado que comprova que nossos produtos são totalmente benéficos para o uso do bebê.

resumo da opera: os estudos científicos são financiados por uma empresa para que suas necessidades sejam certificadas; como se dissessem assim, se virem para provar que nossos produtos são bons, e assim podemos apresentar um estudo científico.

a conclusão foi que como eu não iria apoiar o uso dos produtos industrializados (cheio de quimicos perfumados) em um banho de balde, eles iriam procurar quem os apoiassem, pois não importava realmente entender o banho de balde, mas adapta-los as suas necessidades.

claro que toda essa conversa telefonica ocorreu com muita cordialidade e compreensão de ambas as partes.

16.4.11

A DERIVA, EM DEVIR

a menina estava brava, muito brava mesmo, chorando aos gritos. incrível que um corpinho de três anos pudesse expressar tão intensamente sua insatisfação.
quando olhou para o lado, viu um espelho, percebeu seu estado "desarrumado" e imediatamente parou de xilicar e começou a se relacionar com sua imagem no espelho, como se nada tivesse acontecido...

quem assistia a cena, além da surpresa pela mudança de humor imediato, começou a questionar a veracidade daquela braveza toda, pois será possível estar bravo de verdade e deixar de estar, imediatamente?

sim, não só é possível, como é saudável.
a capacidade de variação de emoções é um dos sinais de corpo bem organizado.

o bebê e a criança, em seus corpos conectados, sem tensões fixas, vivem em variação emocional constante.

isso quer dizer, viver no presente, relacionar-se com o tão desejado "aqui e agora".

a emoção é instintiva.
todo ser vivo, seja barata, mosquito, elefante, peixe ou gente, tem suas ações sob o domínio de suas emoções.

e todo ser vivo está em constante relação com o "fora", está a deriva.

a deriva não é o caos, mas também não é controlável.
são forças com as quais nos relacionamos, é a natureza em ação.

somos corpos organizados a deriva!

esse corpo organizado a deriva, continuamente em transformação, tem interconexões que geram emoções, e essas emoções direcionam nossas ações.
emoções "fixas" geram ações fixas, músculos tensos, respiração limitada e reduzem nossas percepções, ficamos empacados, passamos das emoções instintivas para as emoções culturais.

as variações de emoções, agem diretamente nas nossas ações, liberam nossos músculos, permitem a fluidez da respiração e ampliam nossas percepções.

e esse é um recurso nato, do corpo organizado a deriva.

por isso as crianças não investem no ressentimento, pois estão em variação constante.

esse é um dos movimentos necessários para a desescolarização, reconquistar a capacidade de entrar em variação emocional; as vezes tão distante do adulto.
assim nos desatamos da escolarização que investe no corpo desequilibrado e tenta controlar a natureza, porque um corpo desorganizado sente-se ameaçado pela natureza, mas não temos escolha, a natureza é incontrolável e impossível de não fazer parte da vida.

a desescolarização investe na preservação, ou reconquista, do corpo organizado que celebra a deriva.

o contato com as crianças, especialmente os bebês, nos inspiram esse caminho, esse retorno (sempre inédito) do corpo organizado a deriva que permite a variação emocional e assim vive no presente.

o paradoxo é que quanto mais variamos emocionalmente mais consistente nos tornamos.
quem não varia, torna-se obsessivo, um personagem, uma caricatura.

na variação vamos nos afirmando.

em outras palavras esse movimento poderia também ser chamado de desapego.

desapego das emoções, do ressentimento, do conhecido;

e das garantias, que geralmente são ilusórias.

7.4.11

RE-CRIANDO EM ABRIL

nosso próximo encontro do re-criando será dia 14/04 as 20hs em são paulo no bairro da aclimação.

nesse encontro continuaremos a desenvolver o processo de desescolariação dos adultos.

no encontro anterior falamos sobre os processos de fixação do ser humano - consciência e habito, que são transmutados pelo conhecimento e razão, que são transmutados pelo pensamento e criação.

falamos da natureza que nos apresenta a condição de viver do impossível ao verdadeiro, e como nosso processo escolar espartano nos ensinou a viver do possível ao real.

nos inspiramos nas crianças, que nascem naturalmente desescolarizadas e que vivem do impossível ao verdadeiro.

no próximo encontro vamos caminhar com ajuda do biólogo humberto maturana, que nos apresenta a condição biológica para a desescolarização.

o encontro é aberto a todos os interessados, é um encontro entre os adultos, onde as crianças são bem vindas, porem não teremos nenhuma atividade especifica para elas.

não é necessário ter participado do anterior para participar desse próximo encontro.

a participação é gratuita.

por favor confirmem a presença pelo e-mail anathomaz@terra.com.br

sejam bem vindos

30.3.11

DO IMPOSSIVEL AO VERDADEIRO

começo pela citação de maria zambrano: "no nascimento não se passa do possível ao real, mas do impossível ao verdadeiro".

o que vai do possível ao real é o que se fabrica, o que se produz.

mas o que nasce começa sendo impossível e termina sendo verdadeiro.

a criança nasce com suas forças criadoras ativas, ela se auto cria, são forças internas que se relacionam com o fora e com esse encontro, ela se auto cria, sempre de modo singular, por isso, os filhos sempre se desenvolvem de forma única.

a criança não está determinada pelo que sabemos ou podemos, o novo sempre aparece em forma de milagre, e a afirmação do impossível tem também algo de milagre, uma vez que o que afirma é que cabe esperar o inesperado e que cabe receber o infinitamente improvável.

tanto nossa educação escolar como nossas orientações para educação familiar, estão baseadas no conhecimento, no poder e no possível, assim, crianças são fabricadas, tornando-se produtos.

toda aquela força de pulsão singular que cada criança traz em si, é aos poucos bloqueada, desqualificada e impedida de se manifestar, no lugar da pulsão de vida, entram as tarefas a serem cumpridas e os lugares a serem ocupados.

por isso somos nós, os pais e educadores, que precisamos nos descolarizar, acordar nossas pulsões natas, desocuparmos o lugar de poder e saber, nos re-criarmos a partir das forças que nos compõe, voltarmos a ser criadores, e aceitar o novo, o milagre, o impossível de cada criança que nasce.

é preciso ultrapassarmos nossas superstições, nossa falsa segurança em seguir regras e receitas, nosso conhecimento estagnado, nosso saber que antecipa o ser e assim o aprisiona.

é preciso reconquistar o lugar da criação, do criador, do ser impossível que cria sua verdade, a verdade singular que sempre se abre para as relações e para o fora.

como pais e educadores desescolarizados, podemos nos aliar as crianças, e com elas criar uma atmosfera propicia para a vida acontecer em sua potencia plena.

jorge larrosa diz: "a verdade da infância não está no que dizemos e sabemos dela, mas no que ela nos diz no próprio acontecimento de sua aparição entre nós, como algo novo.
não se trataria então, de que aprendêssemos a constituir um olhar capaz de acolher o acontecimento daquele que nasce? e, se a educação é o modo de receber aquele que nasce, não seria o caso de, então, deixar acontecer a verdade que traz consigo aquele que nasce?"

é para isso que nós adultos nos desescolarizamos.

28.3.11

acolhimento materna japão

Rosana Oshiro é brasileira e mora no japão com seu marido e 5 lindos filhos sendo a caçula recem-nascida.

claro que ela precisa sair de toquio e voltar para são paulo.

quero repassar aqui o movimento de acolhimento a Rosana e sua familia.

a parte boa, entre outras porque nesses momentos criam-se muitas coisas boas, é que estaremos proximos de mais uma grande praticante da maternidade ativa.

segue abaixo as coordenadas do movimento liderado por amigos queridos.

bem vinda Rosana, e toda familia!!!



http://rosanadevolta.blogspot.com/



texto de rosana oshiro

A família da Rosana está organizando um evento para arrecadar fundos, nós da materna e nossos amigos pessoais estamos levantando dinheiro para as passagens.

O Consulado do Brasil em Tóquio e o Itamaraty fizeram contato por email, mas nada além disso. pediram dados mas não ligaram nem para nós, nem para eles, portanto ainda não podemos considerar que virá alguma ajuda efetiva.
No Japão as coisas são super organizadas, mas demandam trabalho, para mudar a Rosana tem que dar jeito em muitas coisas, como explica no email que enviou hoje:

"Além da documentação da escola, tem contrato de aluguel, tem móveis para jogar no lixo (e com a reciclagem aqui a gente tem que ir em um monte de lugar para deixar cada coisa corretamente e pagar pelo nosso lixo), tem que comprar malas (que estão em falta por causa da grande procura) e separar o que vamos levar e o que vamos deixar, temos um carro para "dar baixa" e mandar amassar (porque ninguem vai querer comprar diante da situação atual), tudo isso entre outras coisas menores como cancelamento de contas bancárias, telefones, contratos de prestação de serviço e etc.

Tudo isso custa dinheiro e leva tempo, e eu, sinceramente, quero deixar "pelo menos o grosso" resolvido por uma questão de ética, afinal a comunidade japonesa sempre fala que estrangeiros não são confiaveis e não cumprem o combinado, e tivemos que lutar tanto para conseguir a confiança e respeito dos japoneses que não podemos "simplesmente provar" que eles estão certos a nosso respeito.
Eu quero muito (como te falei) ir para o Brasil o quanto antes, mas vejo que vou ter que enfrentar tudo "com ou sem ajuda" se quero fazer isso.

Eu não posso ficar esperando "só" pela ajuda das p essoas porque ela pode não vir como a gente espera.
A situação para mim agora é: OU VAI OU FICA.

E eu quero ir, então vou ter que mover "mundos e fundos" para isso.
Eu super agradeço tudo o que você está fazendo para ajudar, pois tudo que vier será bem vindo, mas preciso traçar um plano com prazo e etapas a cumprir.

Minha meta é sair daqui até 16 de abril (quando meu marido recebe o ultimo pagamento) e ir para o Brasil com tudo certo.
A ajuda para a compra das passagens é o mais importante, diante de tudo que te falei, de resto a gente vai se virar.
Se vocês tiverem como fazer algum evento, uma rifa, sei lá, talvez isso ajudasse mais, não sei.
Eu vou precisar de alguem que possa me pegar com um carro grande no aeroporto para levar malas e a familia, então se alguem se propuser a ajudar, desde já, seria otimo. A minha familia mora há 30 minutos do aeroporto de Guarulhos."

Quem tiver contato com progr amas de televisão e puder nos ajudar a contar esta história e buscar mais ajuda, será benvinda.
Preciso de pessoas que assumam as funções de buscar o espaço com a TV, assumir a organização da segunda etapa,


texto de marcia golz

Pessoal,
Estamos a pouco de conseguir o valor total das passagens aéreas. Creio que com as rifas, vendas e eventos pensados para os próximos dias, rapidamente esteja resolvido.
Coisas que ainda não conseguimos e será interessante, se alguém tiver para doar ou vender a bom preço: fogão, geladeira, um aquecedor de ambiente ( por causa da bebéia), colchões, cobertores (pode ser aqueles de soft), utensílios de cozinha (talheres, pratos, copos, panelas, toalha de mesa, panos de prato, jarra, talheres de servir, canecas ou xícaras, algumas travessas, potes de plástico) e o que mais vc tiver aí parado e sem uso e pode se desfazer.
As crianças dela trarão apenas 1 ou 2 brinquedos preferidos, então perguntei quais as coisas que eles gostam para a gente pedir doação, desde que em estado de uso:
Bonecas
carrinhos de controle e sem controle
lego e peças de montar (adoram)
os dinossauros para o Gabrielzinho (deixará a coleção lá tadinho)
panelinhas e coisas de comidinha

Eu, Márcia, providenciei: lápis de cor, blocos de papel, canetinha, massinha, giz de cera, cola, tesoura, etc.
Ela virá sem Tv, DVD, etc e tenatrá tarzer o computador e o video game das crianças. Se alguém tem esta coisas para doar, serão benvindos também.
Enfim, o que tivermos!
Avisem a eliane se tiverem, estamos organizando uma coleta de tudo.


CONTATO PARA DOAÇÃO EM DINHEIRO
Através desse site
http://www.vakinha.com.br/Vaquinha.aspx?e=33468

CONTATO PARA DOAÇÃO ATRAVÉS DA CONTA DA MARCIA GOLZ

A conta que centralizara o dinheiro doado para ela é minha (Márcia Golz), todos os valores serão repassados para a Rosana e passarei a prestação de contas para vcs.
Márcia H. Golz
banco Itau 341
agência 6967
conta corrente 05024-3
cpf 12414266864


CONTATO PARA DOAÇÕES DE OBJETOS E UTENSÍLIOS

Nossa querida Anna Galafrio, dispôs um espaço em sua casa para armazenar temporariamente as doações para a Rosana Oshiro.
Peço que agendem com ela horários para entregar pelo telefone:
011- 85370372
O endereço é:
Rua Lourenço Collino 153, Bairro Presidente Altino- Osasco SP
Fácil de chegar, fica perto do cebolão das marginais Tietê e Pinheiros

13.3.11

RE-CRIANDO EM MARÇO

nesse mes faremos dois encontros do re-criando, ambos sobre desescolarização e educação ativa.

dia 19 de março será em florianopolis (segue abaixo o convite)

dia 24 de março das 20hs as 22hs, será em são paulo.

teremos videos de experiencias de ensino não direcionado; mergulho na desescolarização do adulto; e seguiremos criando e arriscando um outro modo de relação com as crianças, com a educação e principalmente com a gente mesmo!

os encontros são gratuitos!

para participar do encontro em floripa é só aparecer!

para participar do encontro em são paulo mande um e-mail para anathomaz@terra.com.br.

9.3.11

COMO TORNAR SEU FILHO MAIS INTELIGENTE!

para um desenvolvimento saudável, o bebê precisa de uma mãe que escute suas necessidades, pois assim, o bebê que é totalmente dependente, poderá desenvolver todo seu potencial inato.

porem, as vezes, a mãe (e/ou o pai) olha mais para suas necessidades do que as do bebê, confundindo necessidades reais com “ideias” para o desenvolvimento das potencias de seu bebê.

uma dessas ideias de desenvolvimento que tenho visto crescer é o ensino precoce da alfabetização e da matemática.

refiro-me ao super desenvolvimento intelectual com o treinamento de leitura, escrita e cálculos matemáticos para bebês a partir de seus primeiros dias de vida, incluindo também línguas estrangeiras e conhecimentos gerais.

segundo d.w.winnicott - 1896-1971 (pediatra e psicanalista infantil), ao fornecer ao bebê e a criança uma “explosão” intelectual, esse Ser torna-se cindido, cinde a psique da existência psicossomática e do viver.

nesses ensinamentos da alfabetização precoce é transferido para o bebê e para a criança pequena, códigos, signos e símbolos que tem significados somente para quem ensina; quem está sendo ensinado poderá somente repetir, reproduzir e assimilar algo sem sentido próprio para ele.

aprender envolve um ser inteiro, com experiências - corporal, mental, emocional e anímica - e é essa integridade que poderá levar a criança a plenitude pessoal.

se não, não é vida, é cisão de vida.

“O estado de unidade é a conquista básica para a saúde no desenvolvimento emocional de todo ser humano.
Com base nesse estado, a personalidade unitária pode se permitir a identificação com unidades mais amplas – digamos, a família, o lar ou a casa.
A personalidade unitária é parte de um conceito de totalidade mais amplo.
E logo vai se tornar parte de uma vida social cada vez mais ampla, incluindo as questões politicas; e (no caso de algumas pessoas) de algo que pode ser chamado de cidadania do mundo.”

com essa citação de winnicott, podemos nos perguntar: a serviço de que está a pratica de tornar seu filho mais inteligente?

talvez do desejo que seu filho seja superior, seja melhor que os outros e assim “se dar bem na vida”.

porem as experiências de vida tem provado que experimentar o viver criativo é sempre mais importante do que “se dar bem”.

a criatividade é inerente ao brincar, e talvez não seja encontrável em nenhuma outra parte.

a criatividade pertence a experiência infantil, com sua capacidade de criar o mundo.
algo que devemos aprender bem e manter ativo ao longo da vida.

é muito bom, e é saudável ser bebê quando se é um bebê, ter dois anos quando se tem dois anos, ter 6 quando se tem 6.

sabendo-se que como singularidade que somos, não existem tabelas, nem medições que determinem a condição ideal da idade da criança.

mas existe a pulsão do bebê e da criança que diz como é para ela sentir-se viva, inteira, criadora de seu presente a cada momento.

aos pais e educadores, resta saber escutar essas crianças.

22.2.11

BRINCAR É COISA SÉRIA!

a capacidade que a criança tem em tornar a brincadeira coisa seria e tornar obrigação em brincadeira me faz pensar que nunca precisamos colocar a criança no estado de "agora não é hora de brincar", "agora você tem que fazer suas obrigações".

um enorme gasto de energia a toa.

o que acontece quando a criança tem uma obrigação a cumprir?
ela transforma aquela obrigação em brincadeira.
e o que acontece quando uma criança brinca?
ela se envolve seriamente.

perfeito!

a não ser que o adulto envolvido na historia esteja tão ressentido com a vida que não consegue ver a alegria fluindo sem pensar que algo de muito errado está acontecendo.

e o que acontece quando é dado a uma criança uma obrigação sem a permissão de transformar aquele momento em alegria?
ela não irá colaborar!

simples assim!

isso porque a inteligencia nata da criança está ativa, e ela sabe que a vida é permeada pela alegria, a vida é alegre por natureza.
e brincadeira é o exercício da alegria.

criança brinca muito bem ao escovar os dentes, ao ajudar nas tarefas de casa, ao ter que cuidar do irmão mais novo, e ao ser cuidado pela irmã mais velha, preparando-se para dormir, e até seria capaz de brincar fazendo lição casa, mas para isso ela não pode nem desconfiar que alguém acha que esses não são momentos de brincadeiras.

me parece que se apagarmos do nosso vocabulário a frase: "agora não é hora de brincar", e isso serve para a criança e para o adulto, a vida irá fluir na direção da alegria.

6.2.11

RE-CRIANDO 2011

vamos retomar nossos encontros mensais com assuntos que nos inspiram outros modos de vida.
o primeiro encontro do ano acontecerá em piracaia, no mesmo local que fizemos o encontro sobre comunicação não violenta, uma cidade que fica a 90 km de são paulo.

é um sitio com estrutura para passarmos o dia envolvidos com muita natureza e bons encontros.

nosso tema será brincadeiras com crianças e nosso papo será sobre desescolarização.

o encontro é gratuito e aberto a toda familia e interessados em vivenciar um dia onde criaremos varios ambientes propicios para as crianças (de todas as idades) brincarem, e conversar sobre um assunto instigante que afetam a todos.

para maiores informações e inscrição, escreva para:

anathomaz@terra.com.br

sejam muito bem vindos!!!

1.2.11

A ESCOLA QUE EU QUERO

com o assunto em alta, tenho sido muito perguntada sobre o homeschooling (ensino domiciliar) que está crescendo, ou aparecendo cada vez mais aqui no brasil.

meus filhos não estão em idade escolar obrigatória, por isso não vão a escola.
mas também não pratico o homeschooling.

homeschooling é a pratica de ensinar os filhos em casa substituindo a escola, com um currículo pré-determinado, rotina de estudo, matérias, baseado em um desenvolvimento linear.
por motivos religiosos, ou por desejo que seus filhos tenham um ensino otimizado, pais no mundo inteiro optam por essa possibilidade.
competem com as escolas, direcionando melhor o ensino de seus filhos, dando-lhes atenção exclusiva e os livram de situações inconvenientes permissivas nas escolas.

os pais brasileiros que foram denunciados pela pratica do homeschooling são acusados pelo crime de abandono intelectual.

se tem uma coisa que essas crianças não sofrem é o abandono intelectual.

essa é uma acusação esquizofrenica por parte da justiça, pois muitas crianças que frequentam escola sofrem abandono intelectual, abandono emocional, abandono social, abandono corporal, abandono familiar...

a escola não garante o desenvolvimento intelectual de todos os seus alunos, acho que nem preciso ficar exemplificando para provar isso.

outro grande equívoco é dizer que a escola promove o desenvolvimento social das crianças.
como podemos chamar de vida social quando as crianças na escola são estimuladas a serem competitivas, são comparadas umas as outras, tem seu contato espontâneo reduzido, são descriminadas, sentem-se ameaçadas, muitas vezes humilhadas; resultando em uma classe cheia de "panelinhas", de "bulling", de situações constrangedoras.
e a vilã da estoria não são as crianças, prova disso é que ainda insistem em serem colaboradoras umas das outras mas para a escola essa colaboração é chamada de "cola".

com toda vantagem do homeschooling eu não pretendo pratica-lo.
não creio que a criança tenha que ser direcionada em seu desenvolvimento através de matérias curriculares e ensino linear, acredito na inteligencia nata, na sensibilidade, na criatividade, e no desempenho corporal admirável das crianças.

por isso pratico o unschooling (desescolarização), sem currículo linear, sem rotina de estudo, sem testes ou avaliações, sem competir com o ensino escolar.
como gosto muito do ambiente comunitário, do desenvolvimento em grupo, da provocação do outro, a saída é criar uma escola desescolarizada.
uma escola onde as crianças se encontram, brincam e trabalham juntas, mas são vista de modo singular, são criadoras de seus projetos, são donas de seus tempos, de seus corpos, e assim aprendem a cada vez mais aproximarem-se de si mesmas, desenvolvendo o auto conhecimento, que paradoxalmente nos faz mais capazes de estar realmente com o outro.

essa escola precisa ser criada!

26.1.11

CRUELDADE AMOROSA

recebi da minha amiga Fernanda o artigo polemico que saiu no jornal americano sobre o modo durão de uma mãe chinesa criar suas filhas, preparando-as para uma vida bem sucedida:

“1) as tarefas de escola sempre vêm em primeiro lugar; 2) 9 é uma nota ruim; 3) seus filhos precisam estar dois anos à frente de seus colegas de classe em matemática; 4) não se deve nunca elogiar seu filho em público; 5) se seu filho discordar de um professor, você deve ficar sempre do lado do professor; 6) seus filhos devem ser autorizados a fazer apenas atividades em que algum dia possam ganhar uma medalha; e 7) essa medalha tem de ser de ouro”.

A história a seguir é um exemplo da firmeza da mãe tigre (Amy, a mãe chinesa) para ensinar sua filha mais nova, Louisa, a Lulu, a tocar uma música difícil no piano. Lulu tinha cerca de 7 anos, ainda estava tocando dois instrumentos, piano e violino, e estudava uma música que exigia ritmos diferentes em cada uma das mãos. Amy trabalhou com Lulu sem parar por uma semana, sem sucesso, até a garota declarar que havia desistido. As duas brigaram, e Lulu rasgou a partitura. Amy a colou e a pôs num plástico, para evitar que a filha a rasgasse de novo. Passou a usar ameaças diversas, inclusive doar seus brinquedos. Não adiantou. “Quando ela continuou tocando a música errada, eu lhe disse para parar de ser preguiçosa, covarde, auto indulgente e patética.”
Nesse ponto, Jed Rubenfeld, o marido de Amy, de origem judaica, questionou se os insultos e as ameaças ajudariam Lulu a tocar. “Talvez ela apenas ainda não tivesse coordenação suficiente para aquela música". Amy disse que acreditava na filha e não desistiria. “Estou disposta a dedicar tanto tempo quanto for necessário.”
Depois de longas horas de exercícios e brigas, como por mágica Lulu de repente conseguiu tocar a peça. “Mamãe, olhe – é fácil!” E não queria mais sair do piano. “Naquela noite, Lulu veio dormir na minha cama, e nos aconchegamos e nos abraçamos, apertando uma à outra”, diz Amy. “Como pais, uma das piores coisas que você pode fazer para a auto estima de seu filho é deixá-lo desistir.”


estou longe de criar meus filhos a moda chinesa, porém sou adepta as qualidades da crueldade.
antes explico que crueldade não é maldade, muito pelo contrario; a crueldade real está recheada de amor e confiança na natureza e na vida.

nietzsche escreveu: crueldade é quando o amigo se aproxima pedindo apoio pois tem uma perna machucada, e o amigo verdadeiro chuta a perna boa.

o que pensa um cara desses quando escreve isso? que o amigo, tão amado, não merece uma ação de piedade onde colocaria o amigo machucado em um lugar inferior e dependente, e sim que o amigo é nobre e cheio de condições de afirmar o acontecimento, e encarar o machucado em sua perna como uma provocação, e quem sabe um presente para aumentar suas percepções da vida e de si mesmo.

falar não para um filho é um ato de crueldade. é um ato de amor. assim também como pode ser dizer sim!

fazer o filho perceber que seu corpo pode sofrer, sua alma pode se angustiar, sua mente pode se confundir, mas o que ele tem de mais forte é a capacidade de reencontrar seu alinhamento, suas conexões primordiais, o desejo de sua potencia, e por isso o desequilíbrio é tão importante pois nos da a oportunidade de recriar, reencontrar nossas conexões, criando condição de evolução e aumento de potencia.

o truque é exercitar a crueldade a serviço da potencia, e não a serviço do poder.
o exercício não é conquistar poder e controle sobre o filho, não é educa-lo para uma realidade dura, não é perder a paciência e desabafar sobre o mais "frágil".

quando se diz não a um filho, a pergunta que está por traz é: estou dizendo não porque não quero perder o controle? Porque não confio nele? Porque não tenho tempo para dedicar-me a ele agora? Por habito?

assim vamos entendendo que também podemos dizer sim por piedade.
dizemos sim por preguiça, para não ter trabalho, por falta de tempo, porque o filho vai sofrer, vai chorar...

não tem saída, para nos responsabilizarmos pela educação de nossos filhos é preciso muito trabalho em nós mesmos.
nos escutarmos, nos questionarmos, nos aprimorarmos.

sair da piedade carregada de ódio (ódio pela vida, pelos acontecimentos, pela incerteza) e aprendermos a crueldade carregada de amor (amor pela vida, pelo acontecimento, pela incerteza).

não me parece que a firmeza da mãe tigre Amy, a chinesa, seja um ato de crueldade amorosa a serviço do desenvolvimento da potencia de suas filhas, porque ela revela que está preparando suas filhas para serem campeãs, conquistadoras de medalhas (reconhecimento), mulheres de sucesso, que preenchem exatamente o lugar em uma sociedade desqualificadora da vida espera.

mulheres que provavelmente conhecerão o sucesso colado a solidão, as conquistas cheia de vazio, o amor impaciente, e talvez chegarão a perguntar, pra que todo esse esforço? O que realmente eu conquistei?

afinarmos nossas percepções, e exercitar nosso pensamento, para escolher dizer sim ou não, mesmo que pareça cruel, porem a serviço do desenvolvimento da criança, do fortalecimento de sua potencia, do amor a vida ativa e aos seus acontecimentos.

a mãe tigresa cria suas filhas para alimentarem o sistema desqualificador da vida, mães crueis criam seus filhos, e a si mesmas, para a vida!

5.1.11

EQUILIBRIO OU CONTRADIÇÃO?

inicio de ano escuta-se com mais frequência sobre tentar viver de modo mais equilibrado.

mas quando escutamos com mais atenção percebemos que ao invés de uma vida equilibrada, a busca é por compensações.

continua-se com o mesmo modo de vida, os mesmos valores, os mesmos objetivos, os mesmos pensamentos, porem com praticas que da a sensação de nos aproximarmos da natureza da vida.

todas as praticas alternativas acabam funcionando de forma paliativa; não há transformação, só compensação.

assim como tirar férias um mês por ano; trabalhar a vida toda para poder se aposentar; fazer primeiro as obrigações para então dedicar-se ao prazer; garantir um emprego seguro para depois pensar em atender aquele desejo enorme de fazer algo que não é considerado no mercado de trabalho.

será que da para chamar isso de equilíbrio?

ou seria mais pertinente chamar isso de contradições de nosso modo de vida!

vivemos distantes de nossa natureza corporal, potencial e social.

nosso corpo tem suas leis próprias, mas nossas ações não a percebem mais, pois colapsamos nossa coluna que nos sustenta, enrijecemos nossas articulações e fixamos, através de hábitos, o que deveria estar em constante transformação.

ao invés de desenvolvermos nossas potencias, servimos a um sistema que nos determina de fora.

vivemos socialmente fora da vida comunitária.

e assim seguimos, completamente afastados de nós mesmos e mergulhando em vivência que nos da a falsa sensação de transformação.

me faz lembrar do dia em que procurei uma grande pianista que também dava aulas de piano, disse que tinha um filho de 9 anos com facilidade musical e que gostaria que ele tivesse aulas com ela; muito calejada ela me respondeu que não dava mais aulas para crianças ou adolescentes, para ser seu aluno a pessoa deveria ir as aulas por decisão própria e que não dependesse mais de um adulto; e me explicou o quão frustrante era ver uma criança super envolvida com a musica decidida a seguir a carreira de musico, para desespero dos pais, que diziam que já era hora de parar com a musica para poder pensar em uma profissão de verdade que pudesse garantir o futuro.

assim agem os adultos em relação as crianças, da mesma forma que os adultos tratam seus próprios sonhos e desejos.

para compensar nosso afastamento de nossa natureza, nos envolvemos em rituais, praticas, vivências que com suas alegorias nos faz sentir um pouco mais dedicados a nós mesmos e a capacidade de ser parte de uma natureza.

se precisamos de algo para nos aproximar da sensação da vida é porque estamos vivendo bem longe dela.

a transmutação nos convida a transformar o modo que vemos, sentimos e agimos na vida.

uma mudança radical, mas extremamente necessária para sair desse ciclo esquisofrenico que vivemos.

reencontrar a potencia do corpo, do pensamento e do desejo.

parar de acreditar que a desconexão que vivemos no dia a dia é normal.

nosso sistema educacional é absurdo, nossas relações sociais são limitadissimas, nosso modo alimentar é critico, nossa capacidade de dedicarmos uma vida a um trabalho que nos distancia de nós mesmos é doentil.

enquanto isso a gente vai se enganando com ingenuos desejos de feliz ano novo!

transmutemos, então todos os dias serão intensamente alegres e necessários!!!