4.1.13

DO MEIO DO CAMINHO PARA O CAMINHO DO MEIO


com a ameaça do fim do mundo, com a velocidade que os movimentos para mudanças estão ganhando, com a frustração do cotidiano medíocre e vazio que o sistema capitalismo tem oferecido...tem muita gente repensando seu modo de vida

mas não mudamos porque temos medo do desconhecido, que vem do desejo de controle e garantias que nossa cultura nos fez acreditar ser uma possibilidade

sim, acreditamos ter controle sobre a vida...

e quando a mudança é mais radical, sempre escutamos o bom conselho de escolher “o caminho do meio” para garantirmos pelo menos o equilíbrio como resultado

porém, em nosso modo de vida já habituado geralmente confundimos “o caminho do meio” com “o meio do caminho”

e assim ficamos estancados, no meio do caminho

não vai, nem racha - como diz o povo

vivemos com conhecimento, sonhos, idéias, imaginação de mais e ação de menos

no meio do caminho, começamos a justificar nossas ações e nossas não-ações pelo “bom senso”, outro engodo, que para mim está tão encrencado como o “senso comum”

hoje em dia queremos distinguir “senso comum” do “bom senso”, atribuindo ao primeiro o sentido de que só pensamos de um certo modo porque é comum pensar assim mas não porque é o real

acreditamos que no “senso comum” as pessoas vão criticar decisões que ameaçam o modo cotidiano de pensar/agir, mas com “bom senso” as pessoas poderão aceitar nossa decisão, apesar de diferente, basta para isso estar bem explicada, bem fundamentada,  preferencialmente com evidencias cientificas, tudo com muito bom senso

pois eu acho que o “bom senso” é tão empaca transmutações como o “senso comum”

porque ambos são baseados em explicações que se reduzem a nossa pratica de conhecimento e consciência

o modo potente de viver não está na representação de conhecimento e nem da consciência, e sim, na criação

a criação vai além do senso comum e do bom senso, além do conhecimento e da consciência, além e muito além do meio do caminho

é necessário criar o “caminho do meio”, ele não é um lugar pronto e determinado, nem com garantias e controlado, e seu equilíbrio é dinâmico e cheio de nuances

precisamos conquistar o gosto pelo risco para criar o “caminho do meio”, de outro modo, estaremos sempre estancados no meio do caminho onde sabe-se de mais e cria-se de menos, onde imagina-se de mais mas tudo continua igual

transmutar é desinvestir o senso comum assim como o bom senso, dar-se conta que o caminho do meio não é limitado pelo conforto e comodidade das garantias, porque só se conquista garantias na ilusão

transmutar é abrir-se para o risco de viver, criando a própria vida, como nossa obra prima singular, incomparavel, conectada as raízes da nossa existência potente

afinal já sabemos que o mundo não acaba, então nos resta criar o mundo novo